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  • Carlos Rio

Galo-montês, o misterioso!

O Galo-montês (Tetrao urogallus) ocorreu em Portugal até há cerca de 80 anos! A caça e a perda de habitat, tal como há 80 anos, são ainda hoje as principais ameaças a esta fantástica ave nas populações Cantábrica e Pirineica.

A minha aventura para o fotografar foi nos Pirinéus Catalães em Espanha.

Durante um número relativamente pequeno de dias no mês de Maio, nos grandes bosques de Pinheiro Negro e Pinheiro Silvestre dos Pirinéus, o Galo-montês é o Rei!



Depois de uma subida muito difícil até aos 2100 metros de altitude, monta-se o pequeno abrigo individual (não mais de 1,5 mt de lado), sem fundo e sobre a neve, onde passei a noite, sem dormir, até os galos começarem a sua actividade. Entrei no abrigo às 17h e saí apenas às 10h30 da manhã do dia seguinte! Não me façam perguntas difíceis...



Os cantadeiros são os locais onde os machos se exibem para as fêmeas na tentativa que estas os escolham para copularem e, normalmente, são pequenas clareiras quase todas em plano inclinado e pequenas que tornam a fotografia complicada porque a actividade começa muito cedo ainda com muita pouca luz e porque há sempre muitas sombras e obstáculos entre o abrigo e os cantadeiros. Mas vou-vos apresentar os protagonistas: O Macho!

Exuberante, desfila no cantadeiro de forma altiva, vigorosa... Emite uns sons estranhos, uns estalidos.... e não gosta muito que apareça na mesma passerele algum concorrente. Por vezes têm lutas que podem causar ferimentos graves e até a morte!

Mas que proporcionam um grande espectáculo da natureza não há dúvida!



A Fêmea!

Muito mais pequena e discreta, normalmente assiste às exibições em cima dos pinheiros ou mais ou menos escondida por entre alguns arbustos.

Depois de escolherem o melhor macho, surgem quase como fantasmas junto do eleito e levam-no a persegui-la para um local um pouco mais discreto do que a clareira

onde se dá a cópula. Têm que copular mais do que uma vez para aumentarem as possibilidades de fertilização e, por isso, comparecem junto dos machos durante vários dias, normalmente alternados.



As paradas de exibição dos machos são extraordinárias! O que mais destaco são uns saltos que eles dão durante os desfiles. A dificuldade em fotografar é que havia sempre o raio de um pinheiro no caminho... Mas lá consegui umas amostras!



Nesta subida para os fotografar esperava registar o maior número de comportamentos: as poses, os saltos, os desfiles e as cópulas (estas muita raras de se conseguirem registar).

E como nas minhas missões fotográficas acontece sempre qualquer coisa estranha, esta vez não foi excepção! Num momento raro, ao que os especialistas nesta ave me explicaram, pensei que iria conseguir fotografar a cópula, porque em vez de uma só fêmea discreta, apareceram três fêmeas no mesmo cantadeiro só para um macho!

Se repararem bem, para além das três fêmeas, vê-se por trás do pinheiro à direita, de um lado e do outro do tronco, um pouco da cauda aberta em leque do macho! Dava a impressão que até se encostou à árvore, tal foi o espanto por tanta "oferta"!



Desencostou-se e fez uma exibição artística...



Pensei que ia correr mal.... Mas quando vi a fêmea a colocar-se em posição de submissão para a cópula, fiquei excitado (salvo seja) porque iria conseguir as fotos que tanto queria!


Mas não... Um Galo-montês sortudo com três fêmeas à disposição resolveu saltar para um tronco e chorar em vez de fazer o que lhe competia enquanto reprodutor e modelo! Vá-se lá saber porquê!



NOTA: Por ser uma ave que nesta região está em declínio, estimam-se em cerca de mil, a sua observação ou tentativa de fotografar devem ser muito bem estudadas e conduzidas por especialistas no estudo e conservação desta magnífica ave e devidamente credenciados pelo Estado Espanhol, sobretudo nesta altura tão sensível do ano.

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